quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Palestra: O amor que eu tenho é o que dou






Palestra realizada por Rita Pereira Barboza, na Casa do Sol Centro Espírita, inspirada no capítulo homônimo do livro “Renovando Atitudes” de Hammed.

“Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos sem amor eu nada seria”. Carta de Paulo aos Coríntios, v.13,1 Bíblia

O amor é o sentimento mais nobre que o homem pode ter. Sabemos e sentimos que o caminho principal para sermos pessoas melhores é o do amor e da caridade, que é uma expressão do amor. Queremos ser pessoas caridosas, que amam incondicional e indistintamente, sem esperar nada em troca, mas sabemos também o quanto este caminho é longo e requer muito aprendizado.
Hammed irá recortar do Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.XI – Amar ao próximo como a si mesmo, item 8, a seguinte orientação: “No seu início, o homem não tem senão instintos; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas este sol interior...”
Nessa passagem fica clara a condição evolutiva do amor, sendo um sentimento a ser desenvolvido por cada ser ao longo de suas experiências encarnatórias. Então, precisamos aprender a amar, exercitar o amor, descobrir em nós a capacidade de amar como um processo que requer trabalho sobre nós mesmos e não algo que está pronto em nossos corações. Quanto mais experimentarmos e tentarmos amar, mais ampliaremos e aperfeiçoaremos essa capacidade.
Também é errando que se aprende. Diversas vezes expressamos em nossos comportamentos atitudes que confundimos com amor, mas que nada mais são do que vaidade, egoísmo, orgulho. Hammed irá elencar algumas dessas expressões comportamentais:
- quando contamos vantagens e nos enchemos de louros pensando que esta é uma condição para receber o amor de alguém
- quando abrimos mão de nossos gostos e desejos em favor do outro, perdendo o sentido das nossas próprias vidas
- quando delegamos o controle de nossas vidas a outra pessoa, pensando receber amor em troca de passividade
- quando utilizamos na mentira para encobrir conflitos e defeitos
- quando somos submissos e deixamos de dizer “não” querendo receber com isso carinho e estima.
Esses são alguns exemplos de atitudes que tomamos pensando que estamos “amando”, mas que apenas refletem as nossas dificuldades e imperfeições na matéria “amor”. Afinal, como nos diz Hammed: “Somente se dá aquilo que se possui”. Ele completa: “Como, pois, exigir amor de alguém que ainda não sabe amar?”. Então, para podermos dar amor aos outros, precisamos aprender a amar, precisamos “possuir” a capacidade de amar. Assim, o amor que eu tenho, será o amor que eu dou.
Vamos prestar atenção a esse mandamento divino que diz: “Amar ao próximo como a si mesmo”. Se formos obedecer realmente a esse mandamento, e amar aos outros da mesma forma com que nos amamos, o que será que estaremos oferecendo? Nos amamos realmente? Ou tratamo-nos como seres inferiores, desmerecedores de qualquer afeto, incapazes de brilhar com nossa luz própria, dependendo sempre da estima alheia para nos fortalecer? Se continuarmos a tratar a nós mesmos com desamor sempre desenvolveremos com nosso próximo uma relação de comparação (como nos orientou Luís em sua palestra), de inferioridade ou superioridade, ou de superficialidade, esperando do outro o que nós devemos dar a nós mesmos em primeiro lugar: respeito, compreensão, afeto, amor.
Considerando o amor como um processo evolutivo podemos entender que ao tempo de Jesus, falar de amor era simplesmente falar de domínio dos instintos. Jesus preocupava-se que o povo diminuísse a hostilidade, a crueldade e a violência inatas à sua condição cultural e evolutiva. Amar seria simplesmente não odiar, não maltratar, não vingar-se, etc. Ao tempo de Kardec, do Evangelho segundo o Espiritismo (séc.XIX) foi possível falar sobre a diminuição do egoísmo em prol da compaixão e da caridade – o sacrifício necessário não envolveria mais o sangue como no tempo dos mártires, mas sim o espírito, o sentimento. Assim, amar passa a ser perdoar, querer e fazer o bem aos inimigos, compreender, ajudar aos necessitados, etc. Estamos vivendo uma época de desenvolvimento da nossa própria consciência, de percebermos que as mudanças precisam partir de nós mesmos, de nossas crenças e atitudes; precisamos curar nossas almas. Os estudos contemporâneos têm demonstrado que a maior parte das doenças tem origem em males provocados por nós mesmos sobre o nosso corpo e espírito através de comportamentos e pensamentos. Portanto, penso que é chegado o momento de debruçarmo-nos sobre nós mesmos e refinarmos a nossa alma, podendo, ao encontro com o próximo a que se refere Jesus, termos uma melhor qualidade de amor a oferecer, uma verdadeira caridade e compaixão.
O mandamento diz: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Mas o que é amar a Deus? Para mim, amar a Deus significa amar a Vida, estar em uma relação harmônica, de gratidão e integridade com o Universo. É acordar pela manhã e sentir-se parte de uma grande obra AMOR. Sentir-se pleno do amor de Deus. Sendo assim, poderemos amar ao nosso próximo como a nós mesmos, porque, afinal, somos todos fios de uma grande teia divina.
Nesse mesmo capítulo do Evangelho, os espíritos de luz nos orientam repetidamente: “Amai bastante, afim de serdes amados”. Entendendo a dimensão e a importância do amor, então, fui em busca de possibilidades de exercitarmos esse amor em nossas vidas, afim de aprimorarmos esse sentimento em nosso íntimo.
Temos estudado em nosso curso das sextas-feiras, chamado “Consciência espírita”, os benefícios da meditação e do relaxamento na busca do autoconhecimento e transformação interior. Sendo assim, lembrei-me de uma meditação ativa que conheci alguns dias atrás, chamada “Meditação do coração”. Foi-me dito tratar-se de uma meditação que exercita a prática de dar limites com amor. Gostei muito. Como é uma meditação que requer uma atividade corporal, bem como espaço físico, tempo e uma orientação precisa, resolvi trazer aqui apenas os seus princípios, que busquei estudar para nos auxiliar no entendimento do exercício do amor.
Ao estudar, descobri que esta é uma meditação “sufi”. E o que é um sufi? O sufismo é uma corrente mística muito antiga, sem data e origem precisa. Uma das versões sobre o início do Sufismo remonta aos indivíduos que surgiram depois da morte do profeta Maomé. Estes indivíduos se retiraram para o deserto ou áreas de menor evidência quando se iniciaram as disputas pelas sucessões dos Califas. O sufismo é erroneamente identificado com a prática islâmica, mas encontra eco em todas as religiões por ter como objetivo final a comunhão do homem com Deus. De acordo com o livro "Os Sufis", de Idries Shah “os sufis sentem-se à vontade em todas as religiões: exatamente como os ‘pedreiros-livres e aceitos’, abrem diante de si, em sua loja, qualquer livro sagrado - seja a Bíblia, seja o Corão, seja a Torá - aceito pelo Estado temporal”.
No site Universo Místico encontrei a definição de que “em termos gerais, o Sufi é todo aquele indivíduo que acredita que é possível ter uma experiência direta com Deus e que está preparado para sair de sua vida rotineira para se colocar debaixo das condições e meios que lhe permitam chegar a este objetivo. Neste contexto, o Sufi é considerado como o protótipo de todo místico que busca a União” (Uma boa definição para um espírita também). Interessante observar que o Sufi não é ensinado, senão orientado a descobrir os caminhos por sua própria experiência, o que também foi um método pedagógico utilizado e reforçado por Allan Kardec à época da codificação do espiritismo.
E qual a principal orientação Sufi? O Amor. Com o coração imerso no Amor, o sufi abandona o seu apego ao mundo para unir-se a Deus. Isso acontece sem que, necessariamente, deva-se abandonar o mundo, ou afastar-se da sociedade. Afinal, não haveria sentido em ensinar a Unidade rejeitando uma parte da expressão do Absoluto. Como bem resume um ditado: “O sufi é aquele que está no mundo, mas não pertence a ele.”
A meditação sufi do coração foi resgatada para o ocidente pelo mestre indiano Osho juntamente com Krishnamurti, e é feita com um estímulo musical, através de um CD que possui 6 faixas, compreendendo cada um dos 6 estágios da meditação que tem a duração de 47 minutos. Além dessa meditação específica, ao estudar sobre os Sufi, encontrei algumas orientações sobre como meditar usando o Amor que podem ser feitas independentemente, desde que o corpo esteja relaxado e a mente concentrada. Então gostaria de propor uma orientação específica nesse momento para experimentarmos o “meditar utilizando o amor”.
Peço a todos que fechem os olhos enquanto eu vou ler calmamente a orientação para essa breve meditação. O primeiro estágio nesta meditação é evocar o sentimento do amor, que ativa o chakra do coração. Isso pode ser feito de várias maneiras, a mais simples sendo pensar em alguém que se ama. Pode ser Deus, o grande Amor. Mas geralmente no começo Deus é mais uma idéia do que uma realidade viva dentro do coração, e é mais fácil pensar em alguém que se ama, um(a) namorado(a), um(a) amigo(a). Vamos então evocar esse sentimento em nosso coração.
O amor tem muitas qualidades diferentes. Para alguns o sentimento do amor é um calor, ou uma doçura, uma suavidade ou maciez, enquanto para outros tem o sentimento da paz, tranquilidade ou do silêncio. O amor também pode vir como uma dor, uma mágoa no coração, uma sensação de perda. Seja como vier, nós mergulhamos nesse sentimento; nos colocamos por inteiro no amor dentro do coração.
Quando nós invocamos este sentimento de amor, os pensamentos vão vir, entrar em nossa mente — o que fizemos ontem, o que vamos fazer amanhã. As memórias flutuam, imagens aparecem perante os olhos da mente. Temos que imaginar que estamos pegando cada pensamento, cada imagem e sentimento, e afogamo-lo, fundindo-o no sentimento de amor.
Cada sentimento, especialmente o sentimento de amor, é muito mais dinâmico que o processo de pensar, por isso se fizemos a prática bem, com a concentração impecável, todos os pensamentos desaparecem. Não sobra nada. A mente fica vazia.”
Então vamos fazer, cada um ao seu tempo, esse exercício – de entregar cada pensamento e imagem que vier à mente para esse fluido de amor, mergulhá-los no sentimento de amor.
Enquanto ainda estão imersos nesse exercício, gostaria de encerrar a palestra de hoje – podem seguir com os olhos fechados – lendo uma poesia Sufi que encontrei durante esse estudo que tem sintonia com o que viemos buscando aqui no Centro Espírita Casa do Sol.

Eu desejo ir para longe,
Centenas de milhas da mente.
Desejo me libertar do bom e do mal.
Quanta beleza por trás dessa cortina!
*
Existe uma alma dentro de sua alma.
Busque por ela.
Existe uma jóia na montanha que é seu corpo.
Olhe para a mina que contém essa jóia.
Ó sufi andarilho
Busque dentro de você e não fora.

domingo, 9 de setembro de 2012

Palestra: Contigo mesmo



Palestra realizada no dia 20 de Agosto de 2012, no Centro Espírita CASA DO SOL, 
pelo integrante Luís Dias, baseada na Obra "Renovando Atitudes", de Hammed.

“...O dever começa precisamente no ponto em que ameaçais a felicidade ou a tranqüilidade do vosso próximo; termina no limite que não gostaríeis de ver ultrapassado em relação a vós mesmos...”
(Cap.XVII, item 7, Evangelho Segundo o Espiritismo)


        Como decifrar o dever? De que maneira observar o dever íntimo impresso na consciência, diante de tantos deveres sociais, profissionais e afetivos que muitas vezes nos impõe caminhos divergentes?
        Efetivamente, nasceste e cresceste apenas para ser único no mundo. Em lugar algum existe alguém igual a tua maneira de ser; portanto, não podes perder de vista essa verdade, para encontrar o dever que te compete diante da vida.
        Teu primordial compromisso é contigo mesmo, e a tua tarefa mais importante na Terra, para a qual és o único preparado, é desenvolver tua individualidade no transcorrer de tua longa jornada evolutiva.
        A preocupação com os deveres alheios provoca teu distanciamento das próprias responsabilidades, pois não concretizas teus ideais nem deixas que os outros cumpram com suas funções. Não nos referimos aqui à ajuda real, que é sempre importante, mas à intromissão nas competências do próximo, impedindo-o de adquirir autonomia e vida própria.
        Assumir deveres dos outros é sabotar os relacionamentos que poderiam ser prósperos e duradouros. Por não compreenderes bem teu interior, é que te comparas aos outros, esquecendo-te de que nenhum de nós está predestinado a receber, ao mesmo tempo, os mesmos ensinamentos e a fazer as mesmas coisas, pois existem inúmeras formas de viver e de evoluir. Lembra-te de que deves importar-te somente com a tua maneira de ser.
        Não podemos nos esquecer de que aquele que se compara com os outros acaba se sentindo elevado ou rebaixado. Nunca se dá o devido valor e nunca se conhece verdadeiramente.
        Teus empenhos íntimos deverão ser voltados apenas para tua pessoa, e nunca deverás tentar acomodar pontos de vista diversos, porque, além de te perderes, não ajustarás os limites onde começa a ameaça à tua felicidade, ou à felicidade do teu próximo.
        Muitos acreditam que seus deveres são corrigir e reprimir as atitudes alheias. Vivem em constantes flutuações existenciais por não saberem esperar o fluxo da vida agir naturalmente. Asseveram sempre que suas obrigações são em “nome da salvação” e, dessa forma, controlam as coisas ou as forçam acontecer, quando e como querem.
        Dizem: “Fazemos isso porque só estamos tentando ajudar”. Forçam eventos, escrevem roteiros, fazem o que for necessário para garantir que os atores e as cenas tenham desempenho e o desenlace que determinaram e acreditaram, insistentemente, que seu dever é salvar almas, não percebendo que só podem salvar a si próprios.
        Nosso dever é redescobrir o que é verdadeiro para nós e não esconder nossos sentimentos de qualquer pessoa ou de nós mesmos, mas sim ter liberdade e segurança em nossas relações pessoais, para decidirmos seguir na direção que escolhemos. Não “devemos” ser o que nossos pais ou a sociedade querem nos impor ou definir como melhor. Precisamos compreender que nossos objetivos e finalidades de vida têm valor unicamente para nós; os dos outros, particularmente para eles.
        Obrigação pode ser conceituada como sendo o que deveríamos fazer para agradar as pessoas, ou para nos enquadrar no que elas esperam de nós; já o dever é um processo de auscultar a nós mesmos, descortinando nossa estrada interior, para, logo após, materializá-la num processo lento e constante.
        Ao decifrarmos nosso real dever, uma sensação de auto-realização toma conta de nossa atmosfera espiritual, e passamos a apreciar os verdadeiros e fundamentais valores da vida, associados a um prazer inexplicável.
        Lembremo-nos da afirmação do espírito Lázaro em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”: “O dever é a obrigação moral, diante de si mesmo primeiro, e dos outros em seguida”.

Francisco do Espírito Santo Neto
Pelo Espírito HAMMED

EU COMIGO MESMO
 Amar o que eu sou.
Todo indivisível que constitui o ser, e o acontecer do meu corpo no espaço e no tempo.
Amar as coisas que eu estou fazendo e o modo como eu as faço.
Amar as minhas limitações, como amo as minhas possibilidades, e nos meus acertos e erros, amar o meu projeto, que vai se transformando em obra no trabalho da construção de mim mesmo.
Amar-me como eu estou aqui e agora.
Vivendo a vida simplesmente, naturalmente com o ar que eu respiro, o chão que eu piso, as estrelas que eu sonho.
 Às vezes gostar de mim é um desafio uma prova de fogo que releva se eu realmente me amo ou apenas finjo amar-me.
Gostar de mim na perda quando a vida me fechar uma porta sem nenhum aviso ou    explicação.
Gostar de  mim quando me comparo com os outros, quando me avalio pelos padrões estabelecidos de sucesso, beleza, inteligência, poder, deixando de amar o que sou em nome daquilo que me falta ou daquilo que me sobra em relação ao meu semelhante.
Gostar de mim quando erro, quando fracasso,quando não dou conta, quando não faço bem feito e ainda encontro quem me critique ou zombe de  mim por eu ter sido apenas o que sou: limitado, vulnerável, imperfeito, humano.
Gostar de mim no fundo do poço, cabeça a mil, coração a zero, e ainda assim ser capaz de ouvir e de respeitar as referências do meu próprio corpo como um amigo fiel, atento e carinhoso.
Estar comigo e me fazer companhia quando mais ninguém parece estar disposto a me escolher e me aceitar.
Estar do meu  lado, ainda que tudo e todos permaneçam contra mim.
Minha vida me pertence de fato e de direito e posso me dispor dela da maneira que eu bem entender.
Se a minha escolha não for semelhante à sua não posso me entristecer nem devo me sentir infeliz por não receber o seu aplauso: Eu sou eu e você é você.
 Amar-me é descobrir que eu sou eu e ou outro é o outro.
Não é preciso que eu me justifique com você a todo o momento buscando a sua aprovação para o que eu faço e para o modo como eu estou fazendo: Amar é reconhecer e aceitar as nossas diferenças, e me amar é dar-me o direito de ser diferente, ainda que às vezes isso represente ser rejeitado por você.
Amar é dar a mim o que é meu, para dar a você o que é seu.
Amar-me é responder presente à chamada do presente.
Estar presente é estar inteiro, e estar inteiro, é estar consciente das partes, nem sempre lógicas e coerentes que constituem o meu ser aqui e agora.
Estar presente é respirar.
Perder o fôlego é fatal;  Morro para a vida agora em nome de alguma coisa que eu penso estar me faltando, que eu penso que me faltará.
Presente é o presente que a vida me dá a todo momento. Devo recusar?
Meu passado é uma gaiola de ferro.
Meu futuro é uma gaiola de vento.
Uma me prende por ser tão certa e definitiva, outra, por ser tão vaga e absurda.
Meu trilema: querer, poder e dever.
 Ás vezes quero, mas não posso
Às vezes posso, mas não devo
Às vezes devo, mas não quero.
 Gostar de mim, é fazer aquilo que eu posso, para alcançar aquilo que eu quero.
 Gostar de mim, é não usar aquilo que eu devo como desculpa, para coisas que eu realmente não posso.
Só no presente eu posso voar.
A vida é a síntese de todos os opostos que continuam a vida: nascimento e  morte, alegria e tristeza, sucesso e fracasso, acerto e erro, alto e baixo, bom e mau, prazer e dor
Experimento o verdadeiro auto-amor, quando descubro, sob o véu dos meus conflitos a maravilhosa harmonia que existe entre todos os opostos.
Conheço os sintomas de minha depressão: Penso nas coisas desagradáveis que estão correndo à minha volta; Penso nos aborrecimentos que estas coisas estão me trazendo; Penso em como estou impotente para mudar o curso dos acontecimentos;  Penso que eu sou mesmo um pobre coitado, vitima das circunstâncias...
Penso. É o bastante.
Gostar de mim é ser capaz de me sentir antes de me pensar.
Gostar de mim é mergulhar na dor que me chega ao invés de evita-la a todo custo.
Amar a mim mesmo é algo muito diferente de ser egoísta.
Só alguém que não se ama, alguém que despreza o tesouro que possui no seu interior, é capaz de tornar-se egoísta.
Buscando possuir sempre mais, julgando-se o maior e o melhor em tudo, tentando ser o centro de todas as atenções, o egoísta, no fundo, deseja apenas ser reconhecido por todos como a pessoa mais importante do mundo.
Alguém só se torna egoísta quando não se sente importante para si mesmo, quando não consegue se amar.
Quando eu sou a pessoa mais importante do mundo para mim mesmo, entre o eu e eu, acontece o verdadeiro amor, o amor que tanto me falta quando eu me rejeito e me desprezo em nome de ser a pessoa  mais importante do mundo para os outros.
O que sinto, o que faço, de onde vim, para onde vou, é no outro que eu traço o perfil do que eu sou.
O que vejo no outro é a minha própria imagem refletida.
(É inútil eu querer me enganar: só vejo uma espinha no espelho se no meu rosto tiver mesmo uma espinha...)
Quando eu compreender o que se passa comigo, posso compreender o que se passa com o outro.
O outro deixa de ser um enigma, quando eu compreendo o enigma que eu sou.
Eu me relaciono com as outras pessoas do mesmo modo como eu me relaciono comigo.
Se  eu me amo, não sei te odiar. Se eu me odeio, não sei te amar. Se eu me desprezo, não sei te respeitar. Se eu me respeito, não sei te desprezar. Como eu te aceito, se eu me rejeito? Como eu te rejeitar, se eu me aceito? Celebro o amor a mim mesmo o nascimento do amor pelo meu próximo.
Observo o meu ritmo a maneira pela qual eu existo e funciono como pessoa. Sou um processo em permanente transformação.
(Todas as vezes que eu saio do meu ritmo eu danço...)
Trata-se da minha vida, da única coisa que eu sou e possuo neste mundo.
Posso fazer dela o que eu quiser: viver do meu modo, segundo o meu ritmo, correndo o risco de desagradar umas tantas pessoas, ou submeter-me à vontade dos outros correndo risco de sentir-me traído e abandonado em relação a mim mesmo.
Posso me decidir por mim ou me decidir pelos outros.
Mas qualquer que seja  a minha escolha terei de carregar sozinho o peso da minha decisão. Para lhe dizer eu te amo, devo aprender a me dizer eu me amo. Do contrário meu amor por você é apenas uma desculpa um artifício para conservá-lo na minha coleção particular de objetos úteis.
Antes de você, existe EU, sem que isso signifique presunção da minha parte ou menosprezo pelas sua pessoa. E embora eu me sinta muito feliz com sua presença, antes de estar com você, estou COMIGO, não lá, num lugar imaginário de encontro, mas AQUI AGORA.
Geraldo Eustáquio de Souza


 Trecho da musica “Nosso tempo” (Composição de Luís Dias)
“...a vida nos mostra, o caminho a seguir, o coração não mente é só ouvir,
eu rezo e peço, a proteção, e a melhor decisão, mas o difícil e entender que o tempo é a inspiração, nas entrelinhas do sentimento encontramos a direção
Porque hoje sou feliz, a consciência é que me diz
tudo esta certo, meu coração, é a certeza de ser merecedor...”
  
ESTAR BEM CONSIGO MESMO (Cherry Hartman)
1.Confia em ti mesmo. Tu sabes o que queres e aquilo de que precisas.

2. Põe-te a ti mesmo em primeiro lugar. Não podes ser ninguém para os outros se não fores capaz de cuidar de ti mesmo.

3. Deixa que os outros conheçam os teus sentimentos; eles são como a seiva que alimenta a árvore.

4. Exprime as tuas opiniões. É bom ouvires-te a falar a ti mesmo.

5. Valoriza o teu pensamento, pois ele é bom.

6. Reserva para ti o tempo e o espaço de que precisas, sobretudo se os outros querem sempre mais e mais de ti

7. Quando precisares de alguma coisa, nunca penses que a não mereces. Mesmo que a não possas ter, não é mal nenhum precisares dela.

8. Quando tiveres algum receio, comunica-o a alguém. O isolamento em si mesmo alimenta o medo e piora ainda mais as coisas.

9. Quando te apetecer fugir, não procures evitar o medo. Pensa que aquilo de que tens medo acontecerá mesmo, e decide o que hás-de fazer.

10. Se estiveres zangado, não abafes esse sentimento. Experimenta tomar uma atitude. O que quer que faças é sempre melhor que amordaçar o coração.

11. Quando estiveres triste, pensa em algo que seja animador.

12. Quando alguém te ofender, di-lo a quem te ofendeu. Conservar esse sentimento só faz com que ele cresça ainda mais.

13. Quando vires que alguém está mal humorado, respira. Não te deixes assaltar pelas agressões dos outros.

14. Quando tiveres algo para fazer e não o quiseres fazer, resolve o que realmente tem que ser feito e o que pode esperar.

15. Quando desejares alguma coisa de alguém, pede-a. Não há problema se ele disser que não. Perguntar significa ser verdadeiro contigo mesmo.

16. Quando precisares de ajuda, pede-a. Mas prepara-te para que as pessoas digam que não, se não quiserem ajudar.

17. Quando as pessoas te desiludem, geralmente o problema é delas e não teu. Pede a outros que te ajudem e não desanimes.

18. Quando te sentires só, acredita que há sempre alguém em algum lugar, pronto a fazer-te companhia. E imagina como seria bom se isso acontecesse. Decide e põe pés ao caminho.

19. Quando estiveres ansioso, toma consciência do futuro horrível que estás a construir e, mal possas regressa ao presente.

20. Quando desejares dizer algo agradável a alguém, não hesites. Expressa os teus sentimentos... afinal, isso não custa nada.

21. Se alguém gritar contigo, resiste fisicamente descansando na tua cadeira ou fixando firmemente os pés em terra. Respira fundo. E pensa na mensagem que ele te quer comunicar.

22. Quando estiveres a atormentar-te a ti mesmo, pára. Só deves fazer isso quando precisares de alguma coisa. Descobre o que precisas e então conquista-o.

23. Quando tudo te parecer errado, quando te sentires deprimido e precisares de algum ânimo, pede-o. E, só depois, pensa no que hás-de fazer.

24. Quando quiseres falar com alguém que não conheces e tens medo, respira fundo. Não penses muito e vai em frente. Se não fores bem sucedido, podes sempre parar.

25. Se estiveres a fazer alguma coisa de que não gostas (como, por exemplo, beber em demasia, fumar ou reagir mal por tudo e por nada), para e pensa no que realmente queres. Se não fores capaz de progredir sozinho, fala abertamente com alguém sobre o assunto.

26. Quando não consegues raciocinar com lógica, para de pensar; procura apenas sentir o pulsar de cada parcela do teu corpo.

27. Quando precisares de amor, vai à procura dele. Há sempre alguém disposto a amar-te.

28. Quando estás confuso, geralmente é porque a tua mente te aconselha a fazer uma coisa e a tua vontade quer fazer outra. Dialoga contigo mesmo ou então escreve, ou faz as duas coisas com um amigo.

29. Quando te sentires pressionado, abranda o passo. De forma consciente, reduz a respiração, a fala e os movimentos.

30. Quando a razão for de lágrimas, chora!

31. Quando te apetecer chorar e o local não forem apropriado, aceita a dor e promete que, mais tarde, hás de chorar a vontade. E, cumpre a promessa.

32. Quando alguém te fizer mal, zanga-te com ele a valer.

33. Quando tudo parecer cinzento, vai à procura da cor.

34. Quando te sentires como uma criança, cuida bem da criança que há dentro de ti.

35. Quando alguém te oferecer uma prenda, diz: “obrigado”. É tudo o que tens que fazer. Dar uma prenda não é nenhum dever.

36. Quando alguém te ama, aceita o fato e alegra-te. O amor não é uma obrigação. Não tens que fazer nada em troca.

37. Se te parecer que alguma destas normas não serve para ti, fala disso com alguém. E, depois, torna a escrevê-la de maneira que se adapte a ti. Reconstruindo o mundo


Reflexão
O pai estava tentando ler o jornal, mas o filho pequeno não parava de perturbá-lo. Já cansado com aquilo, arrancou uma folha - que mostrava o mapa do mundo - cortou-a em vários pedaços, e entregou-a ao filho.

“Pronto, aí tem algo para você fazer. Eu acabo de lhe dar um mapa do mundo, e quero ver se você consegue montá-lo exatamente como é”.

Voltou a ler seu jornal, sabendo que aquilo ia manter o menino ocupado pelo resto do dia.

Quinze minutos depois, porém, o garoto voltou com o mapa.

“Sua mãe andou lhe ensinando geografia?”, perguntou o pai, aturdido.

“Nem sei o que é isso”, respondeu o menino. “Acontece que, do outro lado da folha, estava o retrato de um homem. E, uma vez que eu consegui reconstruir o homem, eu também reconstruí o mundo”.