Para decidir a temática dessa palestra eu pensei: “o que eu estou precisando aprender?” – afinal sempre aprendemos muito quando precisamos ensinar ou passar uma mensagem a alguém.
Então eu pensei num problema que enfrento constantemente. Muitas vezes, ao fim do dia, quando vou parar para fazer minhas preces e descansar, minha mente não se aquieta, de forma que não consigo me concentrar nessa atividade tão importante para mim. Como resultado, ou não faço minha oração, ou acabo proferindo mentalmente uma seqüência de discursos vazios e mecânicos que sabemos que não têm nada a ver com a verdadeira conversa com Deus. Acredito que todos nós já enfrentamos esse estado mental em alguns momentos de nossas vidas: quando precisamos e queremos nos concentrar em alguma coisa, mas não conseguimos em função de preocupações, ansiedades, mágoas e outros sentimentos e pensamentos. No centro espírita também devemos buscar um estado de concentração, que requer nosso esforço e dedicação, e nem sempre é fácil.
Nossas vidas são tão agitadas, cheias de acontecimentos e informações, que fica difícil pararmos um pouco para escutarmos nosso coração e os sinais de Deus à nossa volta. Mas, se em nenhum momento do dia conseguirmos ter um pouco de introspecção e reflexão sobre nossas vidas, como poderemos fazer melhor no dia seguinte? Pensando nisso resolvi estudar formas de melhorar nosso relacionamento com a consciência, ou seja, com a nossa alma.
Segundo “o livro dos espíritos”, de Allan Kardec, (questão 621) o homem carrega em sua consciência todas as leis divinas. Essas leis estão inscritas por toda a parte, no livro da natureza. Sendo assim, sempre que buscar o conhecimento, o homem poderá encontrá-lo germinado em sua intuição. A palavra consciência aqui não deve ser entendida como razão intelectual, mas como sinônimo de alma, ou seja, o estado íntimo em que nos encontramos com o sagrado, com Deus. Então como poderemos escutar melhor nossa consciência?
Uma demonstração da presença divina na natureza e na consciência da humanidade é o fato de que diversas filosofias constituídas em diferentes épocas e culturas no mundo compartilham as mesmas bases e lições como a compaixão, o perdão, a fé, a paciência e a paz. No trabalho com a busca da consciência e da auto-reflexão, o Budismo e a Yoga, por exemplo, podem indicar caminhos importantes. Diversas filosofias orientais trabalham com a técnica da meditação para a busca do que chamam “iluminação”. Com a meditação o homem tem a possibilidade de encontrar dentro de si as respostas e a orientação para sua vida. Foi através dela que os Budas encontraram a iluminação.
A meditação é, em essência, o treinamento sistemático da atenção e tem como objetivo aumentar nossa concentração e enriquecer nossa percepção, tranqüilizando a mente e relaxando o corpo. O benefícios e as formas de meditação são inúmeros. Meditar diariamente nos auxilia a desligar-nos do stress, trazendo calma e energia para enfrentarmos melhor os desafios cotidianos. Ao final da palestra vamos fazer um pequeno exercício para nos aproximarmos de uma das técnicas de meditação.
Sidarta Gautama, o fundador do budismo, dizia: “a pessoa sábia, que corre quando é hora de correr e que diminui o ritmo quando é hora de diminuir, é profundamente feliz, porque tem suas prioridades bem estabelecidas”. Ora, esse ritmo só pode ser estabelecido a partir de um conhecimento profundo de si e de sua relação com o mundo.
Para falar sobre consciência é preciso falar sobre tempo. É importante estarmos conectados com nosso momento atual para viver de forma consciente. No livro “Os prazeres da alma”, Hammed ensina que “viver prazerosamente fundamenta-se em ver com clareza íntima como estão agindo em nós o desejo e o apego. No desejo corremos ansiosamente a fim de conquistar a qualquer preço o que não temos. No apego, paralisamos o passo, agarrando-nos a tudo o que já possuímos. (...) As emoções são nossos principais informantes sobre nosso mundo interior e exterior”.
Na semana passada tive a oportunidade de ler uma mensagem sobre o ritmo das nossas vidas que me auxiliou muito a pensar sobre a questão do tempo. Ela diz:
“Devagar e sempre. Na vida as coisas às vezes andam devagar. Mas é importante não parar, porque começar tudo de novo é muito mais difícil. Mesmo um pequeno avanço na direção certa já é um progresso. Se você não conseguir fazer uma coisa grandiosa hoje, não desista, faça uma coisa pequena, mas continue andando e fazendo. O que pode parecer fora do alcance pela manhã poderá estar um pouco mais próximo ao anoitecer se você continuar se movendo para frente. A cada momento intenso e apaixonado que dedicas ao teu objetivo, um pouquinho mais ele se aproxima de ti. Então continue andando e fazendo. Existe alguma coisa que podes fazer hoje, agora, neste exato momento. Pode não ser muito, mas vai mantê-lo no jogo. Então, vá o mais rápido que PUDER, mas não tema ir devagar quando for obrigado. Seja lá qual for o seu objetivo continue. O importante é não parar”.
A meditação através da respiração é uma das mais simples e mais usadas. Buda usava esse tipo de meditação, e ela é usada até hoje na escola Zen. Existem muitas formas de meditação, focadas em objetivos específicos como a cura de doenças ou fobias, ou com o objetivo amplo da concentração. Cada um pode buscar uma forma que lhe traga mais conforto e benefícios.
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